quarta-feira, 13 de maio de 2009

UM BONITO CONTO DE PAULO COELHO



Um homem, o seu cavalo e o seu cão iam por um caminho.


Quando passavam perto de uma árvore enorme, caiu um raio e os três morreram fulminados.


Mas o homem não se deu conta de que já tinha abandonado este mundo, e prosseguiu o seu caminho com os seus dois animais (às vezes os mortos andam um certo tempo antes de tomarem consciência da sua nova condição…)


O caminho era muito comprido e, colina acima, o Sol estava muito intenso; eles estavam suados e sedentos.


Numa curva do caminho viram um magnífico portal de mármore, que conduzia a uma praça pavimentada com portais de ouro.


O caminhante dirigiu-se ao homem que guardava a entrada e travou com ele, o seguinte diálogo:


- Bons dias.


- Bons dias – Respondeu o guardião.


- Como se chama este lugar tão bonito?


- Aqui é o céu.


- Que bom termos chegado ao Céu, porque estamos sedentos!


- Você pode entrar e beber quanta água queira. E o guardião apontou a fonte.


- Mas o meu cavalo e o meu cão também têm sede...


- Sinto muito – disse o guardião – mas aqui não é permitida a entrada de animais.


O homem levantou-se com grande desgosto, visto que tinha muitíssima sede, mas não pensava em beber sozinho


.Agradeceu ao guardião e seguiu adiante.


Depois de caminhar um bom pedaço de tempo encosta acima, já exaustos os três, chegaram a um outro sítio, cuja entrada estava assinalada por uma porta velha que dava para um caminho de terra ladeado por árvores...


À sombra de uma das árvores estava deitado um homem, com a cabeça tapada por um chapéu. Dormia, provavelmente.


- Bons dias – disse o caminhante.


O homem respondeu com um aceno.


- Temos muita sede, o meu cavalo, o meu cão e eu.


- Há uma fonte no meio daquelas rochas – disse o homem apontando o lugar.


- Podeis beber toda a água que quiserdes.


O homem, o cavalo e o cão foram até à fonte e mataram a sua sede.


O caminhante voltou atrás, para agradecer ao homem.


- Podeis voltar sempre que quiserdes – respondeu este.


- A propósito, como se chama este lugar? – perguntou o caminhante.


- CÉU.


- O Céu? Mas, o guardião do portão de mármore disse-me que ali é que era o Céu!


- Ali não é o Céu, é o inferno – contradisse o guardião.


O caminhante ficou perplexo.


- Deverias proibir que utilizem o vosso nome!


Essa informação falsa deve provocar grandes confusões! – advertiu o caminhante.


- De modo nenhum! – respondeu o guardião – na realidade, fazem-nos um grande favor, porque ficam ali todos os que são capazes de abandonar os seus melhores amigos…


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Jamais abandones os teus verdadeiros Amigos, ainda que isso te traga inconvenientes pessoais.
Se eles vêem dar o seu amor e companhia, ficas em dívida para com eles:
Fazer um Amigo é uma Graça.
Ter um Amigo é um Dom.
Conservar um Amigo é uma Virtude.


Paulo Coelho.

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OBRIGADA POR SUAS PALAVRAS!!!